ADEUS 2010, e QUE VENHA UM 2011 LUMINOSO!!!

Este ano foi difícil para mim...  e pesado para o mundo: Haiti, tragédia de Angra, as chuvas de Abril no Rio, terremoto do Chile, a tragédia ambiental nos EUA, a   gerrilha urbana no Rio.....  Eu, pessoalmente, não vejo a hora deste ano ir embora.... E, como em cada final de ano, tenho fé,  e esperança, de um ano bom... com realizações boas, por menores que sejam, sejam lá quais forem! É preciso ter paciência.... manter a calma.. aceitar o que a vida traz, quando necessário... mudar quando possível.. saber perdoar, aos outros e, principalmente, a nós mesmos... ter bom-humor, senão fica difícil.... contar até 10.... buscar a delicadeza, a gentileza.. acreditar que é possível, que podemos transformar.. ser perseverante... corajoso.. saber se permitir descansar, passear, namorar........ (ô delícia!)  Enfim, estar atento para não nos transformarmos em robôs! FELIZ NATAL, com tudo que isso significa, de verdade....... E que venha um 2011 luminoso!!!!!!!!!

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MÃE: MOMENTO DE REPENSAR A VIDA...........

          É fácil deixar a vida nos levar... é o dia-a-dia, correr atrás de trabalho, arrumar a casa, consertar a casa, resolver questões burocráticas (processos, prefeitura, reclamar, recorrer), comprar comida, fazer comida, comer na rua alguma besteira, lavar a louça da comida, comprar roupa, lavar e consertar roupa, comprar coisas, trocar de celular, de computador, de carro( quem tem, o que não é o meu caso, porque não sei nem dirigir !).

          Trocar de namorado, amante, caso, ficar sozinha e reclamar por isso, arranjar alguém e reclamar também, voltar para aquele 'um'!

          É ter orkut, facebook, blog e atualizar sempre (porque se você não tiver um monte de trecos virtuais você não existe não é? pelo menos acredita nisso....), ficar limpando a caixa de emails que quase sempre não tem nada que preste a não ser propagandas e correntes (O-DE-IO CORRENTES!!!!).... 

          A gente ocupa toda a nossa mente e tempo com milhões de informações e não damos conta de todas as nossas 'ocupações' mentais ... querendo sempre mostrar que estamos ótimos.. lindos... já repararam que pelo computador todo mundo é suuuuper feliz...rs.. descolado..moderno ?

          É uma busca incessante.. de ser aceito.. querido.. admirado.. aplaudido..amado. No meio artístico então isso é gritante. Você TEM que estar sempre em cena.. ensaiando algo novo.. com mil idéias.. mandando mil projetos.. pesquisando editais.. se enche de expectativa.. ansiedade.. angústia.. porque se você não trabalha,  ninguém ouve falar de você e aí você cai no ostracismo.. e se sente abandonado.. frustrado.. medíocre. 

           Já venho, há um tempo, observando isso tudo.. me perguntando se ainda quero toda essa instabilidade, estar nessa roda da fortuna. É lógico que toda essa cobrança que falo funciona praticamente de forma inconsciente.. a gente se coloca nesse lugar ou não. Mas, a máquina social é forte e impiedosa. Fora a exigência, no caso da mulher, de ser A gostosa.. ter um corpo lindo.. sem celulites.. sem estrias.. rugas? nem pensar... temos que ter a pele de 20 anos até morrer!!  

           Gente, é uma escravidão!!!!! Somos escravos da beleza, da tecnologia, da diversão, do prazer, do dinheiro, do status, seja social ou intelectual.... a verdade é que nós não temos as coisas, mas, elas, é que nos tem. Eu adoro chegar em casa e desligar meu celular. Fico diiias sem ver internet.

          Mas, aí, um dia, o mundo nos mostra a dialética da vida. Nos lembra que não existe só alegrias.. nem só a beleza. Que existem os espinhos além da rosa. É quando ficamos doentes, ou vemos alguém que amamos adoecer... e temos que aprender a aceitar e dançar conforme a música. Tudo tem o seu tempo. É o tempo de rir. O tempo de chorar. 

          Tudo isso para dizer que há 15 dias atrás minha mãe caiu doente. Uma gripe de arrasar, que a deixou por 3 dias seguidos com uma febre de 39º.... dor no corpo.. prostração.. a levei 2 vezes na emergência.. ela desmaiou na minha frente.. eu gritava com os médicos.. radiografias.. exames de sangue.. uma tosse forte.. a suspeita de pneumonia.. pressão descompensou..4 médicos diferentes.. antibiótico que a fez passar mal.. e eu, sozinha, tendo que segurar a onda: tirando pressão, temperatura, fazendo nela nebulização, comida sem sal, comprando frutas e legumes hipotensores, arrumando a casa, cuidando dos bichos, de olho nela, porque ela não dormia, nem eu... o medo de perdê-la. Na idade dela uma simples gripe pode ser fatal. 

          A gente sabe que esse dia vai chegar.... mas parece que nunca estamos preparados não é?É como se pudéssemos enganar a hora da ida.... da dor... do sofrimento.. da solidão. E nestes momentos de dor, de ansiedade, de impotência quase, nos lembramos que as coisas mais importantes da vida, e justamente as que  talvez mais deixemos de lado, são a saúde e as pessoas que amamos: nossa família, mãe, pai, marido, esposa, filhos.... o resto que falei lá em cima, e que damos tanto valor às vezes, as coisas, o 'social', não tem importância nenhuma.

          Minha mãe é a pessoa que mais amo. Minha melhor amiga. Minha fortaleza.. não existem palavras que possam descrever o tanto de afeto que existe nesta relação.. é claro que existem os momentos de brigas, de falta de compreensão, de raiva, discórdia, em que preciso ficar longe, mas tudo isso tambem faz parte do amor, da aprendizagem, da tolerância, de aceitar o outro como ele é, de entender que ninguém muda porque nós queremos.. e que também não somos perfeitos.

         

          Quero ter a certeza de que fiz tudo que pude, dentro das minhas possibilidades, para ela ser feliz, ... sou grata por tudo que ela fez por mim. Agradeço aos valores que ela me passou: de honestidade, de ética. As coisas que me incomodam cabem a mim mudar, porque sei que ela fez o melhor que podia. Por isso, cuido dela com amor, gratidão e dedicação,  porque quantas noites ela não perdeu cuidando de mim quando precisei? E ter em mente que devemos valorizar as coisas importantes, por menor que sejam, e deixar de brigar, e se estressar por tantas outras que não merecem o mínimo de nossa energia.. 

       

  Te amo mãe............OBRIGADA!!

Hamilton de Holanda no Jardim Botânico: uma dupla perfeita!

 

Ontem, sábado, fui no Jardim Botânico... só isso já é uma delícia né.. ô lugar bonito... uma ilha paradisíaca aos pés do Cristo Redentor.. aliás, no Suvaco de Cristo....srrsr
um dos cartões postais mais lindos e visitados do Rio de Janeiro......e quanta gente não conhece!

o silêncio do concreto e a sinfonia da natureza, com seus pássaros.. esquilos.. macacos..o orquidário.. as bromélias.. os cactos.. as palmeiras imperiais.. o lago da vitória régia.. 

as cores ...várias tonalidades de verdes das árvores.. as flores..os perfumes.. o ar fresco..

.. o tempo parando.. como se a gente desse uma pausa no nosso controle remoto e lembrasse que existe vida além da neurose da cidade, do ar poluído, das buzinas ensurdecedoras, das ambulâncias, dos motores dos ônibus, da falta de gentileza generalizada, da pressa compulsiva (pra onde vamos desse jeito gente?), da intolerância e impaciência, 'do cada um por si e salve-se quem puder'... 

Eu não sei de vocês, mas eu sinto muuuuuita falta do contato com a natureza... é meu passado verde de ex-bióloga que não me larga...rsrsrs...

Então........ na verdade,dessa vez, eu fui ao Jardim Botânico, pedacinho do céu, para ver um show de um músico que sou fã: Hamilton de Holanda, bandolinista. A 1ª vez que vi esse cara, fiquei impressionada com sua força, com sua genialidade.. fiquei emocionada.. a mesma impressão que tive quando vi Yamandú Costa pela 1ª vez também!.. São músicos que estão além da fronteira do estilo, da língua, do metrônomo, das convenções. É quando você não vê o limite entre o  instrumento e o intérprete.. eles se fundem em um só corpo.. em uma só alma.. porque ao vê-los tocar a gente sente que eles tocam de corpo & alma.. e assim somos tocados e levados para outra dimensão... da beleza.

     Hamilton além de um virtuoso no bandolim, é compositor (como o Yamandú.. como o Nicolas Krassik que também sou fã). E pra esses caras, que além de intérpretes maravilhosos são  também excelentes compositores, a gente tem que tirar o chapéu. Bem, eu sou suspeita, porque adoro  música instrumental.....

     Mas voltando ao nosso pedacinho do céu.... imagina ouvir o Hamilton ao ar livre em pleno Jardim Botânico... sem palavras. Gente bonita.. muitas crianças.. até as tartarugas, que estavam pegando um solzinho de fim de tarde, me atrevo a dizer que estavam curtindo o som do Hamilton... tenho certeza! Basta olhar esta foto aí....rsrrs

 

Então me despeço com este link aí embaixo dele tocando Adiós Noniño, do Piazzolla (uma das minhas músicas preferidas) 

Para quem gosta de música instrumental de qualidade....

 

Ouça aqui Adiós Noniño por HAMILTON DE HOLANDA

Pedro Sorongo, meu pai....

Pedro Sorongo... Pedro Santos... Pedro da Lua.... meu pai.

Ex-combatente da 2ª Guerra... carioca.. percussionista.. compositor.. inventor de instrumentos.. filósofo.. espiritualista.


Sou muito parecida com ele.. na aparência.. no jeito.. na maneira de ver e sentir o mundo. A criatividade.. a contemplatividade.. o talento artístico..a introspecção.. Até meu narigão...rsrrs


Não tive muito contato físico com ele. Como um músico típico ,  tinha um universo próprio.. era distante .. tinha dificuldades em lidar com as questões práticas do dia-a-dia (como eu...).. com o dinheiro.. era sem ambição.. para ele o que importava era ter espaço interno para criar. Sei como é isso...

O que teria sido dele sem minha mãe? Minha mãe foi, e é, a fortaleza.. a guerreira.. a companheira, o esteio. Sempre o motivou a continuar nesta árdua escolha: viver de sua arte. Meu pai sofreu no meio.. largou emprego em TV.. isto foi no auge de seu despertar espiritual.. e minha mãe ao seu lado.. trabalhando fora.. e em casa, fazendo baquetas e bolsas para instrumentos para vender.

Apaixonado por futebol, não tinha time, via qualquer jogo..adorava ir no Maracanã ! Também né....., ele pegou o auge do futebol arte: Garrincha, Pelé, Rivelino... (nisso não tenho nada a ver com ele, só torço para o Brasil, e olhe lá!).


Gostava de ficar em casa (como eu)... pesquisando seus sons.. inventando seus instrumentos.. fazendo suas colagens.. arrumando o quintal.

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Adorava cinema (como eu)... desde moleque, época que havia música ao vivo pros filmes mudos.. os cinemas da Cinelândia... lindos... muitos.

Fã de Chaplin.. o Gordo e o Magro.. Buster Keaton.. (como eu..). E eu que acabei virando palhaça..rsrrsrs






Meu pai era muito bem humorado. Piadista. Debochado.


Embora distante fisicamente.. tínhamos muita afinidade.

Mas eu era muito ausente.. não curtia o som dele.. imagina, ou eu ouvia música clássica quando criança, ou pop depois de 'aborrescente'. Música instrumental? Jamais. Hoje adoro! Música com temática espiritual?? Gente, eu só pensava quando iria aparecer meu 'príncipe encantado'! Tá, já aprendi que são todos sapos e que nós mulheres não somos a Cinderela.


Olha os nomes que circundavam minha infância e adolescência,  e rodavam no caderninho de telefones do meu pai: Sebastião Tapajós.. Waldir Azevedo..Baden Powell.. Paulo Moura.. Paulo Cezar Pinheiro.. Dino 7 cordas.. Pachequinho.. Radamés Gnattali.. Jorjinho do Pandeiro.. Raphael Rabello.. Leo Gandelman..


Mas sei que ele 'se foi' sem eu o ter compreendido... fico triste com isso.


Me lembro quando estava fazendo vestibular para biologia.. ele chegou, como quem não quer nada, e falou: 'eu sei que não devo me meter na sua vida... mas você sabe que leva muito jeito pra música.' Estudava piano desde criança... Bem, fiz a faculdade de biologia. Ele foi na minha formatura, e 2 meses depois estava eu no São João Batista me despedindo dele ...
Um ano depois entrava para UNIRIO........ para fazer música.

Agora, depois de muito fugir deste tema, o meu pai, e toda sua memória, minha memória, criei um blog para ele... na verdade praticamente um site! Com fotos de seus instrumentos, áudio de suas músicas... e posso dizer que estou muito feliz. Feliz por organizar, conhecer, pesquisar, descobrir, reconhecer, valorizar.. é um religare.. com minhas origens.. minha família.. minhas influências.

www.pedrosorongo.blogspot.com

Hoje ouço suas músicas e compreendo. Mais do que isto, gosto muito! Descobri que ele tem fãs por todo o mundo. Que sua obra é cult. Me sinto orgulhosa de ser sua filha e herdeira..


Pois é, tudo tem o seu tempo..


Também sei que tenho muito trabalho pela frente. Que novos e bons ventos me levem...

".... você é você pra onde for,  com tudo que junta, com tudo que tem, com tudo que faz..." 

( Pedro Sorongo da música 'Quem sou eu?' )

Dia de Finados: uma MISTUREBA de emoções........

Eis aí um tema que dá pano prá manga...
Dia de finados.
Morte... família.. saudade.. memória... esquecimento...raízes.. tradição... comércio... fé.. religiões.. reflexões.


Vamos ver por onde começo.


Não tenho religião, mas sou espiritualista.
Cresci vendo minha mãe ir ao cemitério no dia de finados levar flores... eu não acompanhava. Não tinha curiosidade. Deixe os 'mortos' quietos.


Já fui várias vezes a cemitérios ver enterros: desde amigo até o do meu próprio pai. Neste ano já fui 2 vezes, sendo o último do meu padrinho. Acho que já fui umas 7 vezes no total.


Sempre achei 'interessante' as pessoas irem homenagear seus artistas prediletos, ou personalidades. Sair de sua casa num feriado para ir ao cemitério levar flores para alguém que você não conheceu?! Que não era da sua família? Não. Na verdade achava isto doido, não interessante. Aliás, esta relação entre fãs e ídolos rende outra postagem......deve ter muita tese de doutorado em cima deste tema.


Voltando à vaca fria.....


Meu pai foi ex-combatente da 2ª Guerra e está 'repousando' no mausoléu dos pracinhas da FEB no São João Batista. Em agosto fomos, eu e mamãe, no enterro do meu padrinho, e passamos, após muitos anos, lá no mausoléu. Estava entregue, LITERALMENTE, às baratas! Completamente abandonado. Ficamos indignadas e minha mãe já botou pra ferver. Descobriu a pessoa responsável pela limpeza, marcou com ela, foi lá e botou a mão na massa também. No meio dessa história fizemos amizade com um ex-combatente figuraça, o 'Seu' Genival, 87 anos, arretado, lá de João Pessoa, e sua filha e genro.


Pois bem, minha mãe e o Genival, já completamente articulados, prepararam todo o esquema para o dia de finados: corôa de flores, soldados com roupa de gala, missa... e eu tinha que ir né.


Pela 1ª vez lá estava eu no feriado de finados, no cemitério, aqui no caso,  São João Batista, Botafogo.

E achei incrível!! Morri de raiva por não ter levado uma máquina fotográfica para registrar tudo o que os meus olhos viam....




O ser humano é realmente o ser das contradições.....


Tudo gera dinheiro neste mundo. A morte não fica atrás. É um comércio incrível... a quantidade de camelôs vendendo flores... até passar pelos portões gigantescos é uma luta... parecia  que eu estava na rua Uruguaiana nadando contra a corrente.. muita gente. Já fiquei mexida com isso. Me lembrei da passagem de Jesus expulsando os comerciantes dentro do templo....






Quando finalmente entrei achei tão bonito o que vi: quantos túmulos coloridos pelas flores mais lindas.. rosas.. palmas.. orquídeas..cravos.. um festival de cores.. vermelho.. várias tonalidades de rosa, amarelo, branco, lilás....no meio das esculturas, algumas tão lindas, verdadeiras obras de arte. A sobriedade dos anjos, das cruzes, junto à leveza e  perfume das flores.

E aí observei as pessoas... a mim mesma...e refleti. Tenho a tendência a olhar sempre para frente. Tenho péssima memória. Fiquei tocada ao ver as pessoas levarem flores.. lavarem os túmulos.. cuidarem dos seus antepassados.. manter a memória afetiva.. Embora eu ache que possamos homenagear as pessoas, inclusive os mortos, de várias maneiras, respeito profundamente isso tudo. Ao mesmo tempo não gosto do apego. Me lembrei do filme japonês ' A Partida'... lindo!!!... chorei horrores... fala, entre outras coisas, deste cuidado e respeito com os entes queridos que se foram.


Ao mesmo tempo não havia um clima pesado....  Missas de hora em hora ao ar livre... fui até a igreja lá no alto... lindinha. E lá de cima era mais legal ainda ver toda aquela vida dentro do templo da 'morte' (já me pergunto o que é vida e o que é morte)... pessoas indo e vindo.... um silêncio respeitoso.. gente pedindo esmola, e  as pessoas (entre elas eu) passando como se não houvesse ninguém ali no chão... como fazemos na rua... e pensei: não dou dinheiro porque? Porque não acredito que ele esteja realmente doente? Me sentí mal por pensar assim... ficamos frios.. duros... desconfiados. Ou será que sempre fomos assim? Ao entrar num cemitério e refletir sobre a morte, não deveríamos ficar mais sensibilizados..? Mais generosos..? Talvez por saber que tem muita gente que se aproveita deste momento de fragilidade, onde as emoções estão à flor da pele, para se aproveitar, mentir, se fingindo de doentes... aí passamos a não acreditar em mais ninguém. Mas por outro lado, cada um tem que arcar com seu livre arbítrio...


A contradição....


De repente, um helicóptero da prefeitura chegou e lançou lá do alto pétalas de rosas... foi lindo. Mas ao mesmo tempo pensei: sensação estranha receber pétalas de flores em cima da gente dentro de um cemitério.




Muita gente fotografando.... me deu uma raiva de mim mesma por não ter posto a máquina na bolsa.


Me lembrei: ' tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu...' (Chico Buarque)

Jacob do Bandolim: Memória Cultural no Lixo....!!

Num domingo desses, fiquei estupefata (nossa, quanto tempo não usava esta palavra...rsrrssr) quando minha mãe me contou a seguinte história (aliás, a minha mãe é a rainha das histórias.... tem sempre uma para contar.. com toda a dramatização que uma ariana gaúcha do interior pode ter)..

Bem,  voltando à história deste domingo:

Estava ela no estacionamento quando chega um porteiro, estende a mão em sua direção e lhe oferta um cd. Ela olhou, era do Jocob do Bandolim...

....e aí perguntou:

- 'Ah, você está vendendo? Quanto é?'

...e ele responde:

-Não senhora, estou lhe dando.

Estava no lixo junto com um monte de outros... fiquei com pena e peguei.

Ela ficou com a boca aberta e pediu que ele lhe desse os que ele não fosse querer. Ok, disse ele.

Quando ela me contou, eu fiquei chocada... estupefata... incrédula quase.

O cd é ESPETACULAR!!! LINDO!! Com músicas não tão famosas do Jacob.

(preciso confessar que adoro o Jacob do Bandolim, assim como o Waldir Azevedo)....

E quase chorei de tristeza....

...por ser filha de músico talvez...

...por ser artista, talvez....

...por ser sentimentalóide, quem sabe? 

É assim que funcionam as coisas né.... o país do descartável... sem memória... que não valoriza sua história, suas raízes... que importa padrões e valores de outros países... da TV.. da novela..que tira uma janela de madeira de lei para pôr uma de alumínio.. num mundo acelerado... cheio de informações.. de efemeridades.. onde aprofundar nem existe no vocabulário.. onde as pessoas se descartam...

Imagina um cd! De um dos maiores músicos brasileiros (como tantos que o nosso país tem....)

É claro..... que eu tenho uma teoria! :

uma briga...... de casal...... e um dos 2 (provavelmente a mulher, num arroubo passional de raiva, em plena TPM, por ter sido enganada, ou desprezada, ou renegada,  ou tudo isso junto, jogou todas as coisas do cara no lixo, já que não pôde jogar o mesmo né....rsrsrsrs).

Seja lá quem tenha feito, não podia ter dado para alguém? Uma escola... para se trabalhar educação e apreciação musicais, e a história da mpb? Uma biblioteca.....
Ou então fazer uma rifa? um sorteio? Qualquer coisa, mas jogar no lixo?!

Mas veja bem a sensibilidade do porteiro ... uma pessoa simples, praticamente sem estudo formal ..num prédio de classe média.. cheio de intelectuais.
E foi esta história que me fez criar este blog.....

Mas como diria o Tom Jobim,

'Vou te contar, os olhos já não podem ver....'


E você, teria alguma teoria??

Època de Ouro na Rádio Nacional

Nesta 6ª feira que passou, fui num templo da memória da música brasileira: a Rádio Nacional, criada em 1936!! Nascedouro de tantos talentos nacionais....

Cantores do Rádio

Composição: Braguinha / Lamartine Babo / Alberto Ribeiro

 

Nós somos as cantoras do rádio
Levamos a vida a cantar
De noite embalamos teu sono
De manhã nós vamos te acordar

Nós somos as cantoras do rádio
Nossas canções, cruzando um espaço azul,
Vão reunindo, num grande abraço
Corações de norte a sul

Canto pelos espaços afora
Vou semeando cantigas
Dando alegria a quem chora

Canto pois sei que a minha canção
Faz estancar a tristeza que mora no teu coração

Canto pra te ver mais contente
Pois a ventura dos outros
É a alegria da gente

Canto e sou feliz só assim
E agora peço que cantem
Um pouquinho pra mim

Fazer? Ver o programa semanal do Época de Ouro. Quem?

                                                     http://www.epocadeouro.com.br/

Um grupo de choro que fez, e faz, história neste gênero da nossa música. Criado em 1964 pelo Jacob do Bandolim (olha ele aí de novo....rsrs). Inclusive, meu pai gravou com eles.


Foi incrível a sensação que tive lá naquele auditório... parecia que eu tinha entrado numa máquina do tempo.... ver e ouvir um programa ao vivo.... com um locutor completamente estiloso.... uma aula da história do choro.. com comentários e participações de ouvintes.. da platéia.. dos músicos... A alegria nos rostos de cada um.... um ambiente tão agradável.. divertido.. era como se tivesse dado pausa no controle remoto do tempo.


Eu achava que seria a mais jovem da platéia, mas eis que chegam uns 'meninos'.. tipo 20 anos...achei o máximo.


No final, fui  falar com Jorginho do Pandeiro.. pandeirista do grupo.. prestes a completar 80 anos.. mas com as mãos ágeis de um rapaz!
Falei de quem era filha (percussionista Pedro Sorongo) e ele abriu um sorriso e fez questão de descer do palco para me dar um abraço. Falou do meu pai.. perguntou pela minha mãe.. disse que gravou muito ao seu lado..


Aí chegaram os tais 'meninos' de 20 anos.. a 'galera 'nova do samba e choro.. quando o pandeirista soube quem era meu pai falou: 'sério?? nossa, conheço o trabalho do seu pai! e quero conhecer mais....'


Aí, chega o filho de Jorginho do Pandeiro, Jorge Filho, cavaquinista e diz: 'Pedro Sorongo??' Claro que conheci... muito criativo... era muito bom mesmo! Um dia chegou tocando grampo de cabelo... preso numa rolha... coisa doida..rsrs'.


Não preciso dizer que fiquei muito emocionada ( mas não chorei não..):

• por ver um músico do naipe de Jorginho do Pandeiro super ativo... tocando... viajando... com uma memória incrível (meu sonho de consumo é envelhecer assim)... 

• por ver músicos jovens falarem do meu pai, mantendo assim a  memória musical, reconhecendo e valorizando os artistas que colaboraram com a nossa música.

• por estar ali.

Eu recomendo para quem gosta do gênero, para quem não conhece, para quem pesquisa, dar um pulo lá: toda 6ª feira, das 17 ás 19:00.

Esquilo: Tico ou Teco?

Quem me conhece bem sabe que sou louca por bichos.... principalmente os peludos e penados....rsrsrs

Adoro mamíferos e AMO as aves...

E no nosso quintal, pedaço de mata atlântica, já vi muita coisa: mico, macaco-prego, tucanos, gaviões, gambás....

Boto frutas e banho para os passarinhos, e aí vem: sabiá, sanhaços verdes e azuis, saíra 7 cores e turquesa, cambaxirra, marrequita, gaturama..... além da água com acúcar especial para beija-flores... meus amores.

O problema, é que parece que essas frutas são a última água do deserto gente! ... todo mundo quer comer... e é um Deus nos acuda!

 É abelha, é formiga, é marimbondo, o 'Zé', é borboleta, é macaco, é gambá (este não me incomodo porque vem à noite), é morcego..........

Eu sou capaz de ficar horas observando os pássaros... me deixa zen... tranquiiiiiiiila.

Pois bem, estou dia desses contemplando este pedacinho do céu, quando percebo uma sombra um pouco grande, bem maior do que um passarinho, subindo pelo pé de café, em direção às frutas: pensei: 'será um rato??'... de dia??... quando olhei para o rabo quase infartei..........de alegria!

........ era um ESQUILO!!!!

 Em 27 anos neste lugar, foi a 1ª vez que vi um esquilo!! :o)

Fiquei louca.. pulava feito uma retardada... parecia uma criança! Fui correndo chamar minha mãe... e aí, ele veio para o muro e foi para o chão saltitando, feito um desenho animado.... a coisa mais fofa deste planeta (pelo menos naquele instante).

Eu sou apaixonada por roedores: já tive coelho, porquinho-da-índia, ramster, rato branco, esquilo da mongólia.... não conseguia acreditar no que estava vendo. Me perguntava se ele era o Tico ou Teco do Disney!

Sempre que dou de cara com um animal selvagem (tirando o ser humano....srrrssr), principalmente em plena cidade, fico muito emocionada....... são os sobreviventes..... que conseguem resistir à devastação do seu ambiente... perpetuar sua espécie.... é a vida que sempre dá um jeito.

Agora, todos os dias, fico  'esperando na janela', para ver se o meu Tico ou Teco dá o ar da graça e vem alegrar nosso quintal com seu jeitinho serelepe.