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abril 30, 2013

NOMOFOBIA

Estava eu sentada num boteco em Ipanema , quando  um casal  gay senta numa mesa próxima, e  uma coisa me chamou logo a atenção... A historinha que vou narrar, que me fez querer escrever sobre isso, acontece com casais, de qualquer espécie, entre amigos, familiares, etc....

Nem bem sentaram, de frente um pro outro, já pegaram seus celulares... e era um tal de telefonar ou teclar... cada um no seu mundo, sem trocar uma palavra, um olhar, com o outro à sua frente.... o seu parceiro, diga-se de passagem.

Já passei por essa situação com amigos... e me incomodou.

A pessoa nem se dá conta não é?! Que bom, pelo menos, que os dois estavam se comportando do mesmo jeito....

Estranho esse novo mundo onde todos se conectam com todos e com tudo, de uma maneira tão voraz, mas tão superficial... e efêmera. O contato é cada dia mais raso.. as pessoas compartilham toda a sua vida num big brother geral... mas se deixam, de fato, se conhecer? Ou, será que se conhecem? 


Outro dia estava conversando em casa com uma amiga e o meu telefone tocou... 
ela perguntou: " não vai atender?"
eu disse tranquilamente... "não"
Ela ficou surpresa e disse que invejava esse meu 'despreendimento'....
E eu disse: " você está aqui comigo agora.."
  


Ninguém percebe que todo esse comportamento social gera ansiedade... expectativa... e vicia ?

É tanta informação.. tantos desejos.. tantos quereres.. ao mesmo tempo.. que tudo vai ficando meio banal, pequeno, meio que insuficiente...
E às vezes, as coisas mais simples, e melhores, não são realmente vivenciadas e valorizadas....

Quantas vezes negligenciamos as pessoas que estão ao nosso lado.. que amamos.. ?


Somos atropelados por nós mesmos... por nossa inquietude.. por nossa mente.. por nossa carência.

Já existe um nome para essa doença: NOMOFOBIA.

Meu celular não tem internet. Adoro sair ás vezes sem ele..


Eu tenho as coisas e não ao contrário.

Já disse Einstein:
"Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa humanidade. O mundo só terá uma geração de IDIOTAS."


 



 



 


abril 23, 2013

A Roda da Vida...

Há quase 1 ano e meio não escrevo..... por falta de tempo, de coragem, de vontade, de corpo.. de mente. Tanta coisa aconteceu, de lá para cá, tantas transformações e mudanças, que não tinha espaço interno para sequer falar.. que dirá escrever.

Achava que não voltaria mais,  mas aqui estou eu....


Tem horas na vida que a gente pensa que não vai conseguir dar conta.. mas a gente dá.

Outras, a gente acredita que não vai mais seguir adiante com nossas coisas... então, o tempo se encarrega.


Outras, a gente não sabe mais quem a gente é... se sente perdido, confuso... mas passa, e a gente se reencontra, se reinventa..


Às vezes somos 'pegos' por uma tsunani, aliás várias, em sequência, que tiram tudo do lugar. E  precisamos tomar a frente de um monte de coisas que teóricamente 'não são' nossas, mas na prática são.. assumir muitas responsabilidades, aprendendo a ter que tomar decisões importantes num tempo mínino.. (isso para mim é dificílimo!).. e frequentemente meio que nos 'abandonamos'... e ficamos cansados, mental-emocional- fisicamente.. aliás, exaustos.

Como diz Chico Buarque:


'Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...


A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...


Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...


A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir


Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...'

                     


Mas, quando as coisas começam a se acalmar e a gente se sente mais sereno, um pouco 'desconectado' do nosso cotidiano interno turbulento, da nossa mente que nunca pára, a gente consegue ver, e sentir, o nosso universo, nossa alma, nossos desejos... mas de uma forma transformada. Afinal, estamos o tempo todo em transformação, mesmo que não percebamos. 

Então, começamos a voltar para o nosso eixo....

É como a Fênix... que renasce das cinzas.


Mas essa transformação, que afeta, e muda, alguns pontos de vista, comportamentos, e escolhas, nem sempre é simples.. nem cômoda.. ou fácil.. ou indolor. 
Mas, inevitável e necessária.
E às vezes, paga-se um preço por isso..


Não vejo como passar pela vida,  sem as mudanças, quer sejam internas, ou externas (como consequencia). A maneira como vemos, sentimos, interagimos com o mundo.. com as pessoas.. muda.

Tudo isso para dizer que, entre outras coisas, estou retomando minha palhaça.. ou seja, eu mesma.. por vários motivos.. 


1) porque sou um ser humano melhor quando estou de nariz.. me aproximando do outro, aceitando-o, com um olhar aberto e generoso.. tolerante.. com amor.. enfim, sou uma pessoa melhor.

2) porque quero ganhar o mundo com ela.. ( este conceito de mundo aqui é muito amplo e sutil...) rsrrsr

3) mas, principalmente, nesse momento, porque quero levá-la para as pessoas esquecidas, abandonadas, tristes, amarguradas.. tipo asilos, orfanatos, e outros grupos do gênero.