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outubro 03, 2013

' Começar de novo....'

A vida dá voltas não é..?


Às vezes pensamos que tudo mudou, que não queremos mais alguma coisa que é tão forte para nós... ou não podemos seguir em frente, ou seja, não sabemos mais quem somos ou o que queremos.

E então você 'descobre' que não 'morreu'.. redescobre você mesmo, sua força. Tá lá. 

Talvez diferente.. e isso já pode gerar uma angústia.. porque afinal, depois de tanto tempo crendo em algo, construindo, de forma lenta e talvez sofrida, percebe que esse algo já mudou, entretanto você também não sabe muito bem qual o 'novo algo'... é preciso desconstruir, reconstruir..


Fácil não é, mas é assim.

E quer saber, é bom! Porque a gente está amadurecendo.... transformando... metamorfoseando, como uma borboleta...

Não precisa saber o que é, basta deixar ser, ouvir, sentir, e observar.



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A vida não é estática, tudo está em constante transformação, mesmo que não percebamos... e ela exige de nós... tenho certeza de que as mudanças internas são sempre para melhor... mesmo que não percebamos.


Como disse Einstein:

' A vida é como andar de bicicleta: 
para estar em equilíbrio, é preciso estar em movimento.'

setembro 02, 2013

Djeu...

Há 9 anos atrás, eu levei pra casa um calafate... marfim, de olhinhos vermelhos... fiquei apaixonada por ele na loja, tão ativo, curioso..

Ele começou a cantar, e o cantozinho falava justamente isso: 'djeu, djeu, djeu'. Aí, surgiu o nome dele, 'Djeu'.

Logo depois resolvi levar uma namorada para ele, porque já não acho justo uma ave ficar presa (apesar de saber que ele nasceu em cativeiro), imagina não ter nem uma companheira..

Descobri que era macho também (espécie difícil de saber o sexo). Não tive coragem de me desfazer, me apeguei... ele cantava também, um cantozinho que falava: ' é o pitoco, é o pitoco, é o pitoco'. Aí, surgiu o nome dele, ' Pitoco '.

Passaram a viver muito bem juntos.. na verdade, não se desgrudavam... e dançavam um para o outro, dando pulinhos, na tentativa de resolver aquela situação. Era fôfo vê-los pular... mas é triste também.... porque não era natural.

                                                 



Vivi momentos de puro encantamento com eles: divertidos, adoravam tomar banho, curiosos, fofoqueiros. Ficava observando meus calafates... amo aves.

Um dia Pitoco ficou doente.. e no mesmo dia se foi. Não deu tempo para nada. Passarinho é assim....

Djeu ficou sozinho. Na verdade passou a dividir o viveirão com minha calopsita, a Tuí, que também estava viúva.... se davam muito bem. Cada um na sua, mas dormiam no mesmo puleiro, um do ladinho do outro... e quando eu tirava ela, ele a chamava muito... são aves que vivem em grupos grandes.

Então Djeu começou a espirrar muito... achei que era um resfriado e o coloquei separado em quarentena, com uma lâmpadazinha sobre a gaiola... coloquei uma cestinha pequena de palha, e ele ficava lá dentro com a cabecinha olhando tudo que acontecia aqui fora... se passaram 2 semanas... não melhorou... levei ao veterinário: morreu no caminho.

Fiquei arrasada.... apesar de satisfeita em saber que ele viveu os 9 anos que dura essa espécie. 


Arrasada por não ter levado antes para o veterinário, achando que era um resfriado (não era..).. mesmo eu tendo me dedicado 100% a ele, cuidando muito mesmo.. preocupada (eu era bem apaixonadinha por ele, meu calafate querido)..

Arrasada por não ter dado uma namorada a ele, e ter deixado o bichinho solteiro por toda a sua vida... isso é cruel, não é justo... ele não cumpriu sua função neste mundo: perpetuar sua espécie, ou servir de alimento para outro animal (cadeia alimentar). Serviu apenas para meu deleite egoísta...

Enterrei ele no jardim de casa... e agradeci, chorando, por ele ter vindo para a minha vida.

OBRIGADA DJEU QUERIDO!!!



Meu sonho sempre foi ter um viveiro enorme, tipo o do zoológico, com bancos dentro para eu ficar ali observando eles enquanto voam, tomam banho, namoram... e quem sabe alguns pousando em mim.

As aves são maravilhosas... coloridas, amorosas, com um comportamento interessantíssimo.

Mas não quero mais animal preso em gaiola. Basta eu  viver assim....porque vivemos em gaiolas... parece que não, mas vivemos.


É triste também saber que daqui a pouco só vai existir pássaros silvestres e exóticos em gaiolas e criadouros, porque suas árvores frutíferas estão desaparecendo... não tem mais habitat para eles.. estão sumindo.. sendo encurralados. Como outros animais em todo o planeta....






junho 27, 2013

fitas K7: uma viagem no Túnel do Tempo....

Num monte de fitas K7 que estou organizando (acervo do meu pai), encontrei uma minha, de quando eu devia ter 1 ou 2 anos... estava arrebentada.. emendei com um pedacinho de durex. 

Botei para rebobinar dos 2 lados... 

Nesse exato momento, minha mãe chega.. então sentamos para ouvir juntas. 

Minha mãe arregalou os olhos e ficou paralisada... e percebo em seu olhar, um misto de saudade, alegria, tristeza..

Bem, não preciso dizer que não dá para entender uma palavra desse dialeto indígena que eu falava né. Mas o som está ótimo! Incrível!!

Eu cantarola muito (adorava cantar!).. bato almas.. conversava num telefone de brinquedo... enchia o saco da minha mãe....kkkkk....... então, reconhecemos 'Atirei o pau no gato' (quero dizer, minha mãe reconheceu).


Devo confessar que é fôfo ouvir nossa voz quando tínhamos 2 anos...

Ao fundo uma buzina.. um carro que passa.. um rádio que toca.. o passarinho do meu pai cantando.. meu pai ensaiando, batucando e de repente imitando uma galinha conversando com um galo (a gente morava numa casa e tínhamos galo, galinha, cachorro, um zoo particular...rssss)

Uma viagem no tempo... muita emoção mesmo.

Que coisa mágica isso, a fita k7....... depois de séculos.. reviver tudo isso.


maio 04, 2013

'Seu' Milton....

Estava eu ontem numa clínica com minha mãe marcando exames de rotina...

Aí, enquanto conversávamos, percebi que tinha um senhor, beeem idoso, magriiiinho, em pé, parado no meio do corredor, com alguns papéis nas mãos... ok.

Continuamos a conversar... e pessoas íam e vinham.. e eu de olho no velhinho... no meio do vai-e-vem acelerado... e ele olhando os papéis, um a um... com um olhar perdido.

Então comecei a ficar incomodada, e falei pra minha mãe: 'aquele senhor tá perdido no meio daqueles papéis. Vou ajudar.' E ela falou: 'vai sim minha filha!'

Cheguei e perguntei o que ele precisava, se queria ajuda. Ele, acanhado, me mostrou os papéis: 3 pedidos de exames para uma cirurgia. Fui com ele em cada setor marcar. O raio X ele fez na hora (ele não entendia e perguntava: 'vai demorar? vai fazer agora?' e eu respondia: 'sim, vai fazer agora, não precisa marcar não'.... ele não acreditava, coitado...). Os outros foram agendados. O rapaz da marcação me perguntou se eu era a acompanhante dele, e quando disse que não o conhecia, estava ajudando ele porque vi que ele estava confuso e sozinho, o cara não acreditou.. ficou com o queixo caído, surpreso, e disse: 'nossa, que bacana! Gosto muito quando vejo uma coisa assim!!'

Perguntei o nome do velhinho...'Seu' Milton.... perguntei sua idade... 80.. ele sorriu quando eu disse que era igual a da minha mãe...

O cara falou pra ele: 'Seu Milton, não pode vir sozinho! Tem que vir com alguém acompanhando!'.
Olhei pro velhinho, e perguntei se ele tinha alguém... respondeu o que já suspeitava, que não tinha ninguém.....

Quando ele foi embora apertou beeeem forte minha mão, me olhou bem dentro dos olhos, e agradeceu.

O que posso dizer depois de tal situação..? Que senti uma alegria infinda... meu coração se iluminou com esse meu pequeno gesto de carinho ao próximo. Não sou uma pessoa tão generosa, aberta, no meu dia-a-dia, mas venho abrindo meu olhar... meu coração.

Ao vê-lo ali, sozinho, perdido, pensei na minha velhice.. e no medo da possibilidade de ficar assim...
Pensei na minha mãe: que bom poder estar ao lado dela ajudando-a..

E pensei, que um gesto, por menor que seja, de ajuda ao próximo (gente ou bicho), inclusive desconhecidos, não tem preço!!!!!!

Hoje minha mãe falou no café da manhã: 'fiquei tão feliz ao ver você ajudar aquele velhinho ontem...' e eu disse ' eu também mãe, eu também.'

abril 30, 2013

NOMOFOBIA

Estava eu sentada num boteco em Ipanema , quando  um casal  gay senta numa mesa próxima, e  uma coisa me chamou logo a atenção... A historinha que vou narrar, que me fez querer escrever sobre isso, acontece com casais, de qualquer espécie, entre amigos, familiares, etc....

Nem bem sentaram, de frente um pro outro, já pegaram seus celulares... e era um tal de telefonar ou teclar... cada um no seu mundo, sem trocar uma palavra, um olhar, com o outro à sua frente.... o seu parceiro, diga-se de passagem.

Já passei por essa situação com amigos... e me incomodou.

A pessoa nem se dá conta não é?! Que bom, pelo menos, que os dois estavam se comportando do mesmo jeito....

Estranho esse novo mundo onde todos se conectam com todos e com tudo, de uma maneira tão voraz, mas tão superficial... e efêmera. O contato é cada dia mais raso.. as pessoas compartilham toda a sua vida num big brother geral... mas se deixam, de fato, se conhecer? Ou, será que se conhecem? 


Outro dia estava conversando em casa com uma amiga e o meu telefone tocou... 
ela perguntou: " não vai atender?"
eu disse tranquilamente... "não"
Ela ficou surpresa e disse que invejava esse meu 'despreendimento'....
E eu disse: " você está aqui comigo agora.."
  


Ninguém percebe que todo esse comportamento social gera ansiedade... expectativa... e vicia ?

É tanta informação.. tantos desejos.. tantos quereres.. ao mesmo tempo.. que tudo vai ficando meio banal, pequeno, meio que insuficiente...
E às vezes, as coisas mais simples, e melhores, não são realmente vivenciadas e valorizadas....

Quantas vezes negligenciamos as pessoas que estão ao nosso lado.. que amamos.. ?


Somos atropelados por nós mesmos... por nossa inquietude.. por nossa mente.. por nossa carência.

Já existe um nome para essa doença: NOMOFOBIA.

Meu celular não tem internet. Adoro sair ás vezes sem ele..


Eu tenho as coisas e não ao contrário.

Já disse Einstein:
"Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa humanidade. O mundo só terá uma geração de IDIOTAS."


 



 



 


abril 23, 2013

A Roda da Vida...

Há quase 1 ano e meio não escrevo..... por falta de tempo, de coragem, de vontade, de corpo.. de mente. Tanta coisa aconteceu, de lá para cá, tantas transformações e mudanças, que não tinha espaço interno para sequer falar.. que dirá escrever.

Achava que não voltaria mais,  mas aqui estou eu....


Tem horas na vida que a gente pensa que não vai conseguir dar conta.. mas a gente dá.

Outras, a gente acredita que não vai mais seguir adiante com nossas coisas... então, o tempo se encarrega.


Outras, a gente não sabe mais quem a gente é... se sente perdido, confuso... mas passa, e a gente se reencontra, se reinventa..


Às vezes somos 'pegos' por uma tsunani, aliás várias, em sequência, que tiram tudo do lugar. E  precisamos tomar a frente de um monte de coisas que teóricamente 'não são' nossas, mas na prática são.. assumir muitas responsabilidades, aprendendo a ter que tomar decisões importantes num tempo mínino.. (isso para mim é dificílimo!).. e frequentemente meio que nos 'abandonamos'... e ficamos cansados, mental-emocional- fisicamente.. aliás, exaustos.

Como diz Chico Buarque:


'Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...


A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...


Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...


A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir


Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...'

                     


Mas, quando as coisas começam a se acalmar e a gente se sente mais sereno, um pouco 'desconectado' do nosso cotidiano interno turbulento, da nossa mente que nunca pára, a gente consegue ver, e sentir, o nosso universo, nossa alma, nossos desejos... mas de uma forma transformada. Afinal, estamos o tempo todo em transformação, mesmo que não percebamos. 

Então, começamos a voltar para o nosso eixo....

É como a Fênix... que renasce das cinzas.


Mas essa transformação, que afeta, e muda, alguns pontos de vista, comportamentos, e escolhas, nem sempre é simples.. nem cômoda.. ou fácil.. ou indolor. 
Mas, inevitável e necessária.
E às vezes, paga-se um preço por isso..


Não vejo como passar pela vida,  sem as mudanças, quer sejam internas, ou externas (como consequencia). A maneira como vemos, sentimos, interagimos com o mundo.. com as pessoas.. muda.

Tudo isso para dizer que, entre outras coisas, estou retomando minha palhaça.. ou seja, eu mesma.. por vários motivos.. 


1) porque sou um ser humano melhor quando estou de nariz.. me aproximando do outro, aceitando-o, com um olhar aberto e generoso.. tolerante.. com amor.. enfim, sou uma pessoa melhor.

2) porque quero ganhar o mundo com ela.. ( este conceito de mundo aqui é muito amplo e sutil...) rsrrsr

3) mas, principalmente, nesse momento, porque quero levá-la para as pessoas esquecidas, abandonadas, tristes, amarguradas.. tipo asilos, orfanatos, e outros grupos do gênero.